Criança não namora: saiba o porquê



Entenda por que criança não namora e quais são os perigos de incentivar esse tipo de relação durante a infância. Confira o artigo!

Educar não é uma tarefa simples, mas aprender também não. Ao mesmo tempo que muitos pais dizem para seus filhos que “criança não namora”, também podem ser os primeiros a comentar que a amizade com um colega de classe ainda vai render um casamento, não é mesmo?

Para a criança, são duas mensagens distintas. A primeira diz que ela não deve namorar até a idade adulta; a outra, que qualquer amizade com uma afinidade mais intensa vai resultar em um compromisso amoroso, do qual ela pouco ou nada entende.

Sabemos que, na maioria das vezes, esse tipo de comentário é feito como um elogio da sintonia entre elas ou para provocar uma interação, mas, é claro, existem outros caminhos mais saudáveis e pautados na educação socioemocional. Então, vamos tratar desse assunto? Acompanhe este post.
Idade certa para namorar

Assim como os marcos do desenvolvimento infantil e outras diversas situações do universo das crianças, não existe nenhum manual ou regra que determine qual a idade certa para começar a namorar.

Aqui, no entanto, estamos falando de crianças, que, segundo diretrizes do Ministério da Saúde, têm entre zero e 12 anos. O órgão, no entanto, faz outra classificação importante, a da primeira infância, que vai até os seis anos de idade. E entende-se que devemos proteger a criança do que não é próprio ou natural para a sua idade.

Ou seja, especialmente na primeira infância, mas não só, o tema “namoro” não faz parte da realidade, aprendizados e comportamentos, certo?

Mais perto do início da adolescência, essa discussão pode ser analisada com outra abordagem, ainda assim ponderando-se no que diz respeito à maturidade, sua capacidade de se comprometer com alguém e, principalmente, de não deixar que isso afete seu desenvolvimento escolar e socioemocional. Veremos que dialogar com a criança é sempre o melhor caminho.
Sexualização precoce

Vivemos uma era em que a sexualização infantil é muito evidente: existe uma oferta de conteúdos e exemplos inapropriados para a idade das crianças, que queimam diversas etapas de seu desenvolvimento, trazendo, muitas vezes, representações deturpadas que, para seus discernimentos limitados, tornam-se verdades.

Aqui, falamos sobre conteúdos adultos, em que o ato sexual muitas vezes é retratado de forma violenta ou segundo argumentos que inferiorizam o gênero feminino. Mesmo com todos os filtros na internet, o assunto acaba sendo objeto de interesse e pesquisa das crianças, sobretudo quando o tema não é discutido de forma saudável com os pais.

Então, o primeiro ponto é: seja sempre um canal aberto e livre de julgamentos para os questionamentos de seus filhos. Também converse com eles quando achar que é o momento para falar sobre relacionamentos e namoros.

Compreenda, ainda, que existe uma diferença entre sexualidade e sexualização. A primeira diz respeito a uma condição inata do ser humano, e é muito importante que a criança faça descobertas sobre seu corpo, como ele funciona e os cuidados que ela precisa ter para mantê-lo saudável.

Entender o próprio corpo também ajuda a criança a estabelecer quais são os limites para um carinho, bem como a identificar algo excessivo. A sexualização, no entanto, é um movimento que “adultiza” a criança.

Músicas de cunho sexual, danças sugestivas, roupas com estilo adulto, uso das redes sociais e até a publicidade infantil são alguns estímulos à sexualização precoce que devem ser combatidos e monitorados pelos pais.
Mudanças no comportamento da criança que precisam ser observadas

Crianças precisam brincar e curtir o faz de conta; no entanto, quando ele está relacionado à simulação da vida adulta, pode não ser saudável. Observar o teor das brincadeiras, portanto, é essencial — assim como a falta delas. Essa é uma das atividades mais envolventes para as crianças. Se deixa de ser interessante para elas, um sinal de alerta deve ser ligado, e a causa, investigada.

Leia também: Como o ato de brincar melhora muito o desenvolvimento infantil?

Considere, por exemplo, uma criança que, na escola, se recusa a se dizer namorada de outra. Se, por esse motivo, ela se sentir excluída do grupo, uma intervenção dos educadores pode ser necessária para explicar ao grupo que namoro é diferente de amizade e que, na fase em que se encontram, é preciso cultivar os amigos.

Permitir que as crianças simulem, aceitem ou acreditem estar namorando na primeira infância pode ser prejudicial para seu desenvolvimento, na medida em que elas podem vivenciar emoções com as quais não estão prontas para lidar.

Uma garotinha que, diferentemente do restante do grupo, não tem um namorado pode se sentir rejeitada, ficar com raiva e culpar sua aparência. Além da tristeza experimentada, essa experiência pode causar danos a sua autoestima e capacidade de se relacionar quando adulta.
Papel da escola na temática “criança não namora”

A escola também exerce um papel importante no combate à sexualização infantil, já que as crianças passam uma boa parte do tempo sob sua responsabilidade. Nesse ambiente, elas vivenciam experiências fundamentais, afinal de contas, interagem com colegas e educadores longe dos seus pais, que são seus principais orientadores.

Assim, além dos aprendizados relacionados ao projeto de educação, a escola também oferece um terreno para o desenvolvimento das habilidades socioemocionais, abordando questões como os limites e tipos de interação física com os colegas.

Outra abordagem escolar muito valiosa é justamente alertar os pais sobre comentários e atitudes que estimulem a ideia do namoro entre crianças.

Pais que perguntam “quem é o seu namoradinho?” para sua filha de 6 anos, por exemplo, precisam ser orientados que essa não é uma ação positiva. O mesmo acontece quando eles compram lembranças para que seus filhos ofereçam aos supostos pares no Dia dos Namorados.
Regras para namoro na escola

Além disso, as escolas são espaços públicos e de convívio entre crianças de diferentes idades. O namoro, no entanto, é algo íntimo, que deve ser aproveitado de forma comedida e de acordo com a maturidade dos envolvidos.

Por isso, as escolas também devem ter regras e limites que os alunos maiores possam seguir depois de decidirem que é hora de namorar. Tais orientações, no entanto, podem ser discutidas e debatidas em conjunto com a comunidade escolar.

Quando reforçamos ações e até mesmo campanhas que pregam que criança não namora, estamos nos comprometendo a oferecer aos pequenos os estímulos e aprendizados necessários para cada fase de suas vidas.

Nesse sentido, a educação oferecida nas escolas deve estar em sintonia com o que os responsáveis pregam, inclusive quando falamos de diretrizes comportamentais. Não é incomum, por esse motivo, que os pais busquem informações e orientações pedagógicas que possam ser inseridas no ambiente doméstico.

Quer saber mais sobre isso? Então, veja como inserir a educação socioemocional em casa!


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