Paulinha Abelha morreu na noite da última quarta-feira (23). (Foto: Rondinelle de Paula) |
Os médicos do Hospital Primavera, em Aracajú (SE), onde a cantora Paulinha Abelha morreu, na última quarta-feira (23/02), suspeitam que a insuficiência renal que provocou a morte da cantora tenha sido causada pelo uso abusivo de remédios e chás diuréticos utilizados para emagrecer.
Os profissionais afirmaram que “nunca viram nada igual” e foram solicitados exames de biópsia dos órgãos lesionados e exames de urina e de sangue que podem indicar o que teria provocado a síndrome tóxico-metabólica que levou Paulinha à morte.
Em entrevista ao Fantástico, da TV Globo, no último domingo (27/2), o modelo Clevinho Santos, casado há quatro anos com Paulinha, confirmou que ela utilizava os diuréticos.
“Tomava alguns medicamentos para emagrecer. Quando tinha uma gravação, ela ia e tomava. Mas não era nenhum tipo de anabolizante, eu acompanhava. Os medicamentos que tomavam eram mais diuréticos”
Em seguida, o repórter questiona se o uso de medicamentos era contínuo, Clevinho Santos confirma o uso semanal, especialmente quando tinha show e “queria dar uma secada”. Além de diuréticos, o marido confirmou que Paulinha fazia o uso de chá para emagrecer.
O hepatologista Raymundo Paraná explica como ocorre esse tipo de intoxicação. “(O corpo) recebe um agente externo, ao adentrar no organismo, causa uma disfunção em órgão. É como uma tempestade, uma tempestade que chega muito rápido e que destrói toda aquela área”, explica
Inicialmente, Carla Abelha, irmã da artista, disse em entrevista que quando Paulinha começou a passar mal, a família desconfiou que pudesse ser gravidez, já que, segundo ela, Paulinha sempre foi muito saudável.
“Nosso maior sonho era ter um filho juntos”, conta o viúvo da cantora.
Histórico
A vocalista da banda Calcinha Preta ficou internada por mais de 10 dias, mas não resistiu a uma infecção neurológica que adquiriu na quinta-feira (17/2), após ter uma piora e entrar em coma. Segundo a nota publicada inicialmente pelo hospital, a causa da morte foi um comprometimento multissistêmico.
A artista precisou ser internada em uma Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) de um hospital particular em Aracaju, em Sergipe, para tratar de complicações renais. No entanto, naquele momento, o quadro era estável. Três dias depois, a notícia que ninguém esperava veio à tona: Paulinha, que parecia tratar de problemas não tão graves, entrou em coma por apresentar piora neurológica causada por uma infecção.
No mesmo dia, na quinta-feira (17/2), ela foi transferida para o Hospital Primavera, na Zona Sul de Aracaju. Na sexta (18/2), ela apresentava quadro estável e a infecção controlada, apesar de ainda estar em coma e respirar por aparelhos.
Na noite da última quarta-feira (23/2), a artista não resistiu e faleceu. Ela estava no Calcinha Preta desde 1998, quando entrou pela indicação de Daniel Diau, cantor que havia ingressado recentemente na banda.
Nascida em Simão Dias, pequena cidade de pouco mais de 40 mil habitantes do interior de Sergipe, ela começou a cantar aos 12 anos em trios elétricos. Ainda jovem, fez parte das bandas Flor de Mel e Panela de Barro, mas precisou interromper a carreira pelas dificuldades financeiras.
Outro caso no mesmo mês
Na quinta feira (03/02), dias antes de Paulinha Abelha ser internada, a enfermeira Edmara Silva de Abreu, 42 anos, morreu em São Paulo, após ter sido diagnosticada com uma hepatite fulminante. A doença se desenvolveu devido ao consumo de um composto de “ervas para emagrecimento”. O produto, vendido em cápsulas, se dizia “natural” e continha ervas como chá verde, carqueja e mata verde, substâncias hepatotóxicas (que podem causar danos ao fígado).
De acordo com familiares, Edmara era “extremamente saudável” e começou a ter sintomas de enjoos duas semanas antes. Ela procurou um médico e logo foi internada. Os médicos questionaram o que ela tinha de medicamento em casa e, ao avaliarem os frascos, perceberam um de ’50 ervas emagrecedor’ e descobriram toda a composição.
Edmara foi transferida para a UTI do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, referência em casos de hepatite. Ela aguardava um transplante de fígado, passou por um coma induzido e conseguiu realizar a cirurgia, que levou 12 horas, no sábado (29/01). Mas o organismo da enfermeira rejeitou o novo órgão e os médicos atestaram a morte cerebral. Horas depois, ela sofreu uma parada cardíaca e morreu.
Por: Correio Braziliense
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