Greve dos caminhoneiros: Bolsonaristas se dividem entre críticas e discussão sobre estratégia

Mobilização para a paralisação dos caminhoneiros ocorreu na esteira das manifestações bolsonaristas de 7 de setembro


Enquanto o governo federal entra em campo para tentar suspender as paralisações de caminhoneiros que ocorrem em rodovias federais de ao menos 15 Estados, bolsonaristas se dividem entre críticas ao presidente Jair Bolsonaro e discussões sobre uma eventual estratégia que estaria sendo adotada pelo Palácio do Planalto para contornar a situação. Desde a noite desta quarta-feira, 8, quando um áudio de Bolsonaro passou a circular nas redes sociais, apoiadores movimentaram grupos no WhatsApp, no Telegram e no Facebook, aos quais a Jovem Pan teve acesso, com mensagens questionando a veracidade da gravação e a postura do mandatário do país em relação à greve.


Como a Jovem Pan mostrou, na noite desta quarta-feira, o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, gravou um vídeo atestando a veracidade do áudio e reforçando o pedido para que os caminhoneiros encerrem as paralisações. “Isso ia agravar efeitos da economia que ia impactar os mais pobres, os mais vulneráveis. A gente sabe que há uma preocupação de todos com a melhoria do país, com a resolução de problemas graves, mas nós não podemos tentar resolver um problema criando outro”, diz o auxiliar presidencial. Mesmo assim, bolsonaristas colocaram em xeque a autoria da gravação e atribuíram o compartilhamento do conteúdo a uma trama da “esquerda maldita” e da TV Globo. “Fake news, áudio antigo”, diz um usuário em um grupo do Telegram. “Gente, isso é uma estratégia da esquerda maldita, quem soltou o áudio foi a Globo, não acreditem. Não acreditem. Não acreditem”, escreveu um apoiador em um grupo de WhatsApp. “Esse áudio é fake”, sentenciou um bolsonarista (veja imagens abaixo).

Na manhã desta quinta, os bolsonaristas se dividiram entre os que acreditavam que a fala de Bolsonaro fazia parte de uma estratégia para não sofrer impeachment e aqueles que criticaram ferrenhamente a sua postura. De acordo com as mensagens, há quem acredite que o presidente da República apoia a greve dos caminhoneiros, mas pede o fim das paralisações para não “incorrer em ato de responsabilidade administrativa”. “Vamos apoiar nosso PR, ele sabe o que faz. Ele não pode apoiar uma greve, porque será impeachmado”, diz uma mensagem. Às 8h53, um apoiador afirma que “Bolsonaro é um dos maiores estrategistas do mundo, está jogando muito bem o xadrez 4D”. “Calma, Bolsonaro sabe o que faz”, disse um perfil no grupo intitulado “Zé Trovão por cá, Canal Oficial” do Telegram. “A verdade é que Bolsonaro é uma pessoa nos palanques e na prática é outra. Vai dizer que sou esquerdista por dizer a verdade?”, retrucou um usuário. “Atenção, caminhoneiros. Vão para casa, para não virar corno. Antes no comunismo do que corno”, publicou outra pessoa.

Houve, também, quem criticou o pedido de Bolsonaro. “Não dá para acreditar que o PR vai dar para trás. A chance era agora, mas acho que acabou. Só por Deus”, lamentou um apoiador. “Falou tudo o que falou no dia 7 [de setembro] para hoje dizer que vai dialogar? Vai conseguir o que no diálogo? Já está assim há 3 anos. Essa é minha opinião de quem apoiou forte por todo esse tempo”, seguiu outro usuário. “Então é assim? Os caminhoneiros fazem uma mobilização, o povo também, e aí vem o presidente Bolsonaro e arrega, manda os caminhoneiros acabarem com a paralisação”, questiona uma pessoa. Em um grupo de caminhoneiros no Facebook, o tom das críticas foi mais contundente. “Bolsonaro inflou e mentiu no seu discurso, agora quero ver segurar o povo”, diz uma publicação da manhã desta quinta-feira, 9. “Presidente de m****, Bozo”, seguiu outro internauta. “Nosso presidente está muito frouxo”, replicou outro.

Mensagens nas redes sociais sobre a greve dos caminhoneiros










Créditos: Reprodução/Telegram
Fonte: Jovem Pan

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