Ex-namorado que matou modelo no Pará alega 'legítima defesa'; polícia considera feminicídio

Foto: Redes sócias/ Reprodução


Lúcio Magno Quadros, de 22 anos, ex-namorado da modelo Geordana Natally Sales Farias, de 20 anos, alegou, em depoimento à Polícia Civil que matou a jovem a facadas em 'legítima defesa'. A Polícia, no entanto, considera o caso como feminicídio. O crime ocorreu na madrugada desta quarta-feira (1), em Ananindeua, região metropolitana de Belém.

Segundo o delegado Daniel Castro, diretor de polícia metropolitana de Belém, a desproporção de força da vítima em comparação ao agressor caracteriza este tipo de crime.

De acordo com Lúcio, a faca usada no assassinato estava com a vítima e teria sido ela a primeira a desferir golpe contra ele. O homem alega que revidou e feriu a jovem com três facadas. Em seguida, voltou pra casa sem prestar socorro à vítima. Ele disse à polícia que não sabia que Geordana estava morta.


Ex-namorado que matou modelo no Pará diz que agiu em 'legítima defesa'. — Foto: Reprodução / TV Liberal

Segundo relato de familiares, o último contato da jovem com a família foi na noite da terça-feira (31). Ela passou a noite na residência do ex-namorado e foi morta quando retornava pra casa, por volta de 5h, em uma passarela que dá acesso às WEs 82 e 83, na Cidade Nova 6, em Ananindeua. O local fica bem próximo da casa onde Geordana morava.

Em depoimento, Lúcio alega que ele e a vítima tiveram uma discussão por causa de mensagens que a modelo viu no celular dele. Segundo relato, os dois teriam dormido juntos e pela manhã, antes de saírem, a jovem pegou uma faca e levou consigo sem que ele percebesse. Lúcio afirma ainda que, no caminho, ambos voltaram a discutir e, após isso, Geordana teria puxado a faca e golpeado ele na mão, que reagiu e matou a jovem.

Vizinhos encontraram a modelo

Vizinhos relatam que não ouviram gritos, mas foram despertados por latidos de cachorros. Foi quando encontraram Geordana já sem vida. Os moradores avisaram os familiares, que reconheceram o corpo da jovem assassinada. Ao longo da manhã desta quarta, familiares e amigos compareceram à casa da vítima para prestar solidariedade.

O velório inicia na noite desta quarta (1º), em uma capela na Rua dos Caripunas, no Jurunas, em Belém. O enterro não teve data nem local divulgados pela família.

Relacionamento abusivo

Segundo a Polícia Civil, a vítima, já tinha registrado ocorrência contra o ex-namorado, em maio deste ano, na Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (Deam), em Ananindeua. Desde então, Geovana tinha medida protetiva contra o agressor.

A família relata que Lúcio foi o primeiro namorado de Geordana e o relacionamento foi marcado por idas e vindas. Uma das tias da vítima lamenta a perda e a interrupção dos planos que a jovem tinha. Ela diz, ainda, que a família não sabia o que a modelo sofria no relacionamento com o ex-namorado.

“A gente não sabia que ele ameaçava ela. Ela não se abria pra gente. É uma perda irreparável. Uma menina boa, dócil, todo mundo gostava dela. Ninguém nunca ouviu falar que alguém tinha antipatia por ela. Ela tinha muitos sonhos, o ideal de se tornar uma modelo profissional, de fazer faculdade", diz tia da vítima.

"Ela ia fazer faculdade agora nesse período. Infelizmente acabaram os sonhos dela”

Feminicídio

Jovem modelo foi morta a facadas pelo ex-namorado, segundo a família — Foto: TV Liberal/Reprodução

Apesar de o agressor ter alegado ação em legítima defesa, a polícia trabalha considerando o caso como crime de feminicídio.

"Ele confessa a agressão que levou à morte, mas alega que teria agido sob situação de legítima defesa. Só que pela quantidade de golpes, a forma, a diferença das compressões físicas, todos esses elementos que são carreados dentro do auto de inquérito policial, a gente vê que são construções a título apenas de justificativa do que é injustificável”, afirma o delegado Daniel Castro, diretor de polícia metropolitana de Belém.

O delegado explica que uma das principais características de um relacionamento abusivo é o chamado "Ciclo da lua de mel", que é quando o agressor consegue convencer a vítima a uma reconciliação, muitas vezes sob promessas de mudança. Em muitos casos, como o da jovem Geordana, esse ciclo se encerra de forma fatal.

No Pará, segundo a Secretaria de Segurança Pública (Segup), houve um aumento de 40% nos casos de feminicídio do estado em 2020. Entre janeiro e dezembro do ano passado, 66 casos foram registrados no Pará. No mesmo período, em 2019, havia registro de 47 casos.

Jovem modelo de Ananindeua — Foto: Redes sociais/Reprodução


Fonte: G1





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