Divulgação de carta de suicídio gera movimento para excluir Jair e Eduardo Bolsonaro das redes sociais



247 - Jair Bolsonaro, durante a live semanal que costuma fazer no Facebook nas noites de quinta-feira (11), leu uma carta de um suposto suicídio de um feirante baiano para criticar medidas de restrição contra a Covid-19 impostas por prefeitos e governadores. Segundo ele, a carta foi escrita para a mãe do rapaz e relaciona a morte com as dificuldades econômicas provocadas pelo fechamento de estabelecimentos comerciais. A informação é do jornalista Lauro Jardim, em sua coluna no jornal O Globo.

O suposto suicídio também foi publicado por seu filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP). No Twitter, ele postou uma foto da carta e expôs imagens do corpo do feirante que teria cometido suicídio na Bahia. Usuários das redes sociais estão cobrando as plataformas para que as postagens sejam removidas

Jair Bolsonaro (Foto: Reprodução/Youtube)

“Carta antes do suicídio na Bahia… Minhas condolências a família. A crise de 1929 nos EUA é famosa não só pelo "crash" da bolsa de Nova York, mas também por ter mostrado ao mundo que dificuldades econômicas levam ao suicídio”, postou Eduardo.

As postagens geraram uma comoção imediata dos usuários, que estão cobrando uma resposta das empresas para que as postagens sejam removidas. Entre as regras e políticas de uso da rede social há um tópico que se dedica especialmenta à políticas de automutilação e suicídio. Segundo o Twitter, não é permitido promover nem incentivar o suicídio ou a automutilação. Além disso, também é proibido compartilhar mídias que apresentem conteúdo com violência gratuita.

O crítico de cinema Pablo Villaça, que sofre de depreção, usou suas redes sociais para explicar a gravidade das postagens:

"Como já compartilhei inúmeras vezes ao longo dos anos através de tweets, posts no FB e em textos no Cinema em Cena, tenho um histórico antigo com depressão e ideação suicida. É algo que busco discutir com frequência até mesmo para demonstrar como não deve ser tratado como tabu.

O que a família Bolsonaro fez hoje (o pai na live; o filho no twitter) é uma das ações mais repugnantes de uma trajetória já repleta de atitudes desumanas, sociopáticas. A exploração de um suicídio para fins políticos é algo que expõe as almas apodrecidas de um clã de canalhas.

Encontro-me, felizmente, em um período estável da depressão; há dias melhores e outros piores, mas há um bom tempo não tenho uma crise profunda, mais perigosa. E MESMO ASSIM o que ocorreu hoje me tirou do prumo, me chacoalhou. Imagino o efeito sobre quem está mais vulnerável.

Bolsonaro é uma ameaça constante: sua política genocida se encarregou de potencializar a ação do coronavirus e já matou mais de 270 mil pessoas; seu descaso para com o meio-ambiente já resultou em aumento colossal em queimadas; e nem quero imaginar o efeito de armar a população. Como se não bastasse, hoje este monumento à mediocridade, esta encarnação do ódio, este fracasso humano ainda ameaçou com todas as letras a realização de um golpe militar. Sem sutilezas, sem figuras de linguagem, sem vergonha alguma. Ameaçou escancaradamente, sem pudor algum. Não é preciso ser um profundo conhecedor de História para saber onde a escalada retórica de Bolsonaro vai parar se não for detida. O tempo para remover este monstro da presidência está acabando; em breve, será tarde demais. Ou o Congresso age ou Bolsonaro o fecha. Simples assim.

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