Bira questiona Guedes: Quem são os privilegiados da Reforma da Previdência que vocês tanto falam?


A Comissão Especial da Reforma da Previdência da Câmara dos Deputados recebeu, nesta quarta-feira (08), o ministro da Fazenda, Paulo Guedes, para discutir a Reforma da Previdência. Em sua fala, o deputado federal Bira do Pindaré (PSB) perguntou quem são os privilegiados que a proposta do governo Bolsonaro vai atingir.

“O senhor como representante dos banqueiros, eu quero perguntar para o senhor o seguinte: Quem são os privilegiados que vocês tanto falam? São os trabalhadores rurais, que agora terão de contribuir por vinte anos? São os trabalhadores urbanos, que vão perder o abono do PIS? O pedreiro, o Gari e a empregada doméstica? São os professores, as professoras, os policiais, que vão ter que trabalhar pelo menos dez anos a mais para se aposentar? São os pequenos comerciantes e os municípios, que vão perder a circulação desse um trilhão que ele quer tirar dos pobres?”, pontuou.

O Bira foi interrompido pelo ministro, que, desrespeitoso, usou o tempo do parlamentar para fazer conversa paralela. O vice-presidente do PSB, então, pediu a atenção de Guedes, que ficou descontrolado e começou um bate-boca. "Começou errado! Começou mal!", disparou aos gritos dentro do plenário.

O presidente da Comissão Especial, Marcelo Ramos (PR-AM), teve que intervir para devolver a palavra ao parlamentar e dar sequência à audiência. “Ministro, só um pouquinho! Ministro!”, pediu o amazonense ao banqueiro. “Não estou falando de ouvir só quem é a favor, não! Quem fala contra tem o direito de ser duro com o conteúdo da matéria”, completou ao defender que parlamento seja respeitado.

Retomado o tempo, o deputado insistiu para o ministro esclarecer quem são os privilegiados da previdência que o Governo tanto fala. “Quando ele traz a proposta da capitalização, que é a mesma coisa da privatização, eu quero dar um dado que é do Chile. Sabe quanto foi a rentabilidade do fundo para os trabalhadores no Chile de 1990 a 2005? 3,05%! Agora sabe quando foi para as administradoras, para os bancos? 27%! Quem ganha com a capitalização são os bancos, não os trabalhadores, e isso nós temos que deixar claro!”, sublinhou.

A pesquisa do Ibope foi, segundo Bira, lida pela metade. “Porque quando você vai para a segunda pergunta, 51% são contra a proposta do governo. Só leram a primeira parte e esqueceram a segunda. Por que vocês não falam da divida pública, que rende mais de um trilhão de reais para os banqueiros? Isso vocês não querem tocar”, acrescentou.

Ele concluiu falando da promessa da geração de empregos. “Quantos empregos foram gerados com a Reforma Trabalhista? Prometeram seis milhões e não geraram nenhum emprego. Agora prometem oito milhões com a Reforma da Previdência. Quem é que vai acreditar em uma mentira dessa? Se não funcionou com a Reforma Trabalhista, não vai funcionar com a da Previdência. Vamos falar a verdade para o povo e encarar os fatos como são! Nós estamos aqui para defender os legítimos direitos dos trabalhadores e das trabalhadoras desse país”, frisou.

A audiência chegou ao fim e o ministro Paulo Guedes não respondeu quem são os privilegiados que os governistas tanto falam. O governo silencia sobre o principal mote de campanha para aprovação da proposta, que seria o de, supostamente, “combater privilégios”.

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