Polícia usa barreiras e aeronaves para cercar quadrilha que atacou banco em Bacabal

Secretário Jefferson Portela destacou as ações realizadas pelas forças policiais. (Foto: Karlos Geromy)


O policiamento especializado maranhense está de prontidão em pontos estratégicos de municípios próximos a Bacabal para interceptar e capturar os membros da quadrilha que assaltaram uma instituição bancária na cidade há dois dias. Militares do Comando de Operações de Sobrevivência em Área Rural (Cosar) realizam barreiras, revistas, utilizam aeronaves e monitoram vias e acessos ao longo de, pelo menos, sete municípios, na busca dos demais membros da quadrilha. 

O andamento das investigações foi informado durante coletiva de imprensa, na manhã desta terça-feira (27), por representantes da Secretaria de Estado de Segurança Pública (SSP-MA), na sede da SSP-MA, na Vila Palmeira.

Resultado da ação policial, três envolvidos foram mortos em confronto com a polícia, diversas armas e munição de grosso calibre apreendidas e oito pessoas detidas – destes dois policiais militares, sendo um do Maranhão e outro do Piauí. A polícia recuperou um total de R$ 3,7 milhões que estavam com populares e um policial. Todos serão interrogados. O assalto ocorreu na madrugada de domingo para segunda-feira, praticado por grupo especializado em assalto a bancos, originado na Bahia e com integrantes de todos os estados do Nordeste. A quantia subtraída ainda não foi divulgada pela instituição bancária.

Na coletiva, o secretário de Segurança Pública, Jefferson Portela, ressaltou que não foi repassada à polícia qualquer informação da instituição financeira sobre recebimento de quantia em dinheiro bem maior que de costume, pois quando isso ocorre é montado esquema prévio de reforço da segurança. Portela lembrou que a SSP-MA mantém permanentemente no município um grupamento do Cosar – equipe formada por militares especializados nas operações em áreas de difícil acesso – e que utilizam armamento de alta tecnologia. A equipe é responsável por garantir a segurança e regularidade das ações em dias de pagamento. O secretário disse, ainda, que nenhuma agência de atendimento ao público foi atacada, mas, apenas a empresa ligada ao banco.

“Este policiamento é destacado para a cidade e pelo menos um dia antes dos pagamentos organiza as estratégias de ação para prevenir ocorrências. Não fomos informados pela instituição que chegaria montante maior que o habitual, de outra forma, a quadrilha não teria entrado na cidade e não teria cometido o assalto. O grupamento militar especializado estava no quartel, de prontidão, para suas atividades na data dos pagamentos. Se tivesse sido acionado, se anteciparia, por se tratar de maior volume financeiro”, enfatizou Portela.

A polícia maranhense já identificou todos os contatos da quadrilha no Maranhão e investiga a identidade dos demais integrantes da organização que participaram do assalto. “Os criminosos vieram com força para contrapor a polícia, mas não contavam com a técnica e exatidão das nossas equipes militares. A quadrilha permanece no estado e a ordem é cercar e não deixar ninguém sair. Vamos buscá-los onde estiverem”, garante o titular da SSP-MA, Jeferson Portela. Serão intimados a interrogatório representantes da transportadora de valores, da instituição financeira e as pessoas detidas, além de moradores que possam contribuir com a investigação.

Os militares do Cosar se distribuem em áreas mapeadas nas cidades de Itapecuru, Vargem Grande, Coroatá, Caxias, Santa Inês, Pedreiras, Bom Jardim e outros municípios fronteiriços a Bacabal. A polícia investiga como a quadrilha tinha informações sobre o transporte e guarda do dinheiro; se há participação de outros núcleos na ação; como abriram uma passagem do prédio do INSS da cidade para a instituição financeira sem serem notados; e como a quadrilha fortemente armada travessou nove estados sem ser interceptada.

Investigação

Na investigação em curso, dois policiais foram detidos. O militar piauiense André dos Anjos de Souza, que foi detido flagrado levando dinheiro deixado pelo bando, e que já foi encaminhado à Superintendência Estadual de Investigações Criminais (Seic); e o soldado do Corpo de Bombeiros maranhense, Luís Gustavo Lima Mendes, que foi detido em flagrante após devolver R$ 5 mil.

A SSP-MA trabalha com apoio da Interpol, Centro de Controle da Aeronáutica, polícias dos Estados onde há atuação da quadrilha e, também, forças policiais do Uruguai. Portela afirmou que não é comum essa modalidade de assalto no Maranhão, conhecida como Novo Cangaço – comparado ao bando de Lampião quando as quadrilhas agem com grande violência e terrorismo. O secretário lembrou que as seis grandes quadrilhas que tentaram atacar instituições financeiras no Maranhão com essa modalidade de assalto foram impedidas. “Todos foram presos e os casos solucionados”, reafirma Portela.

“Se o ataque é letal, a resposta tem que ser letal. O Estado não pode ficar nas mãos dos bandidos. Os policiais que atenderam essa ocorrência foram guerreiros, técnicos e serão destacados por merecimento”, enfatizou Jeferson Portela.

Também participaram da coletiva o comandante-geral da Polícia Militar do Maranhão, coronel Jorge Luongo; o delegado geral de Polícia Civil, Leonardo Diniz; o subcomandante da PM, coronel Pedro Ribeiro; e o adjunto da SSP-MA, Saulo de Tarso.

Quadrilha interestadual


Segundo a investigação, a quadrilha é da Bahia, possui 78 membros e é a maior em assalto a bancos do Nordeste. Tem interligação nos nove estados da região e ramificações no Uruguai, onde vive o líder do grupo identificado como José Francisco Lumes, o Zé de Lessa, considerado de altíssima periculosidade.

Foram mortos em confronto com a polícia Edielson Francisco Lumes, o Dô ou Titi, irmão de Zé de Lessa, que chefiava o grupo nas ações; Warley dos Reis Souza, o Bombado, que é paraense; e Gean Martins Rocha, de Araguaina, no Tocantins. Pelo menos 30 membros da quadrilha vieram para o Maranhão participar do assalto a Bacabal, segundo a polícia.

Quem tiver informações sobre o caso pode colaborar com a polícia entrando em contato pelo telefone: 0300-313-5800; ou Disque Denúncia: 9-9224-8660 (Whatsapp).

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