Após o anúncio de que o Partido Comunista estuda alterar a Constituição para permitir a reeleição indefinida para o cargo de presidente, permitindo assim que Xi Jinping possa governar por tempo indeterminado, a China tem raras demonstrações de descontentamento e debate sobre a questão; embora muitas mensagens contrárias à medida tenham sido apagadas das redes sociais chinesas, o governo não deu conta de censurar tudo
Da Sputnik Brasil
A China experimenta raras demonstrações de dissenso após a publicação de que o Partido Comunista estuda alterar a Constituição para permitir a reeleição indefinida para o cargo de presidente.
Muitas mensagens contrárias à medida que pode permitir o presidente Xi Jinping governar de maneira indefinida foram apagadas das redes sociais chinesas.
Nem todas as expressões, entretanto, foram controladas. Li Datong, ex-editor do jornal estatal China Youth Daily, disse na rede social WeChat que o fim do limite de dois mandatos de presidente pode "semear o caos".
"Se não há limites de mandato no líder mais alto de um país, então estamos retornando a um regime imperial", disse Li à Associated Press. "Minha geração viveu sob Mao [Tsé-Tung]. Essa era acabou. Como podemos voltar para isso?"
Também no WeChat, a empresária Wang Ying afirmou que as mudanças são uma "absoluta traição".
Já a mensagem do sociólogo Li Yinhe de que a alteração devolveria a China a "era de Mao" foi apagada. Ele também disse que o Congresso Nacional do Povo, órgão que representa o Legislativo chinês, irá aprovar a emenda constitucional porque "não representa o povo", mas sim os "desejos da liderança".
Apesar de Xi ser popular por seus resultados econômicos e política externa firme, é difícil medir a recepção da alteração na Constituição já que a China controla de maneira rígida a liberdade de expressão e as redes sociais.
"O fato desta proposta ser possível significa que a influência de Xi Jinping está crescendo", disse Chen Jieren, um cientista político independente baseado em Pequim. "O partido está reconhecendo suas conquistas na luta contra a corrupção. As pessoas têm confiança e respeito pela sua maneira resoluta".
Mas Chen acrescentou: "A China não é Cuba. Nas últimas décadas, os chineses entenderam que ninguém deve ficar no poder por toda a vida".
O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Lu Kang, disse que a proposta "foi feita de acordo com a nova situação e a prática de defender e desenvolver o socialismo com características chinesas na nova era".
Fonte: 247
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