Mercosul e União Europeia anunciam acordo de livre comércio após 25 anos de negociações


Líderes do Mercosul e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen (ao centro).EITAN ABRAMOVICH / AFP


O acordo entre o Mercosul e a União Europeia foi oficialmente anunciado nesta sexta-feira (6), após a reunião dos líderes dos blocos na cúpula do Mercosul, realizada em Montevidéu, no Uruguai. 

Durante entrevista coletiva, Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, afirmou que o "acordo com Mercosul é vitória para Europa".

— Este é um acordo ganha-ganha, que trará benefícios significativos para consumidores e empresas, de ambos os lados. Estamos focados na justiça e no benefício mútuo. Ouvimos as preocupações de nossos agricultores e agimos de acordo com elas. Este acordo inclui salvaguardas robustas para proteger seus meios de subsistência — destacou.

A assinatura deve criar um mercado comum de mais de 700 milhões de pessoas, com um PIB somado de US$ 22,3 trilhões.

As negociações, que tiveram início em 1999 e foram interrompidas após um acerto em 2019, foram retomadas recentemente por iniciativa da Comissão Europeia, responsável por definir a política comercial da UE. Apesar do avanço inicial há cinco anos, o acordo ficou estagnado devido à pressão de países europeus, especialmente da França, contrários à abertura de mercado que favorecesse os competidores do Mercosul.

No entanto, o consenso geral dentro da Comissão Europeia era de que as negociações haviam avançado o suficiente e que era momento de seguir adiante. Sabine Weyand, diretora-geral de Comércio da Comissão Europeia, declarou aos deputados europeus na última terça-feira que a discussão estava "a nível político", indicando que as etapas técnicas haviam sido concluídas.

Na quinta-feira, a presença de Ursula von der Leyen no Uruguai para as reuniões reforçou as expectativas de um anúncio iminente. Ao chegar, ela afirmou que a conclusão do esperado acordo comercial entre os blocos estava "à vista". Posteriormente, o chanceler uruguaio, Omar Paganini, confirmou que "todas as partes" chegaram a um consenso sobre a proposta.

Agora, com o acordo assinado, o texto final ainda precisará ser aprovado pelos Legislativos dos países do Mercosul, pelo Conselho Europeu (composto por 27 chefes de Estado ou governo) e pelo Parlamento Europeu (com 720 votos).


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